Uma pessoa me disse que não se despreza o desconhecido, pois por não ser conhecido lhe deve ser dado o direito de ao menos existir, embora passe a morrer imediatamente após ser conhecido, ou até mesmo durante o curto momento vivido. Não vou ficar lamentando nem chorando o desperdício, apenas vou respeitar, pois conheço o sacrifício.
O pobre carteiro inocente achava que era só simplesmente, entregar uma cartinha pra o que nela tava escrito passar a ser vivente. Sentiu tristeza de ver sua entrega no chão, pois foi lá que ela caiu sem nenhuma compaixão. Triste e desamparado ele sabia por que, aquela carta não lida, jamais poderia viver. Mas, pra um carteiro antigo isso não deveria doer, a não ser que aquele escrito fosse obra do seu escrever. Eu fiquei observando sem querer me aproximar e vendo a carta no chão sem ninguém se interessar, talvez alguém passasse e pensasse em apanhar ou talvez viesse a chuva e tirasse ela de lá. Com esperança no peito ele voltou no lugar, onde deixou a cartinha querendo não encontrar, pois pra ele era melhor, muito mais bem confortante saber que Ela apanhou logo após aquele instante. Porém, pra sua tristeza a carta ainda estava lá, eu não sei por que motivo ele não pode entregar.
Eu só sei que tava triste, pois foi ele mesmo que escreveu, coisas que só ele sabe e ninguém mais conheceu. Ela podia ter lido e em seguida ter rasgado, a carta teria vivido mesmo por um curto prazo. Mas isso não sucedeu e aquilo que estava escrito, só por ser desconhecido, não passou a existir, ficando só na memória do carteiro escritor, que saiu triste dizendo “era em nome do amor, escrevi pensando nela e também em nosso amor, pobre escrito esse meu, ela nem se quer o conheceu, e porém já o matou".
Manoel de Sousa Lacerda - Neto Lacerda
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
Assinar:
Postagens (Atom)